A cada minuto, pelo menos duas pessoas são estupradas no Brasil, de acordo com estimativa do Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

Os pesquisadores cruzaram bases de dados de segurança pública e saúde, de 2019, e calcularam que 822 mil violências deste tipo ocorram no país anualmente, número que pode chegar a 2,2 milhões.

O estudo mostra ainda que a maior parte das vítimas é menor de idade, com um pico de ocorrências envolvendo adolescentes de 13 a 15 anos. No entanto, apenas uma pequena parcela é denunciada.

De acordo com os dados disponíveis, a polícia registra algo entre 8,5% e 11,4% dos casos. Já as notificações ao sistema de saúde ficam apenas entre 4,2 e 5,6%, como explica o pesquisador do IPEA, Daniel Cerqueira, um dos autores do estudo.

O sistema de informação de agravos de notificação, por exemplo, só registrou cerca de 34.400 casos de estupro em 2019. O Sinan reúne todas as ocorrências de notificação obrigatória, como os casos suspeitos de estupro atendidos por profissionais de saúde.

Já o Fórum Nacional de Segurança Pública contou quase 70 mil vítimas de estupro ou estupro de vulnerável no mesmo ano, com base nos registros policiais. Ambos os números ficaram muito abaixo do total estimado.

A advogada Marina Ganzarolli, fundadora da organização "Me Too Brasil", que dá apoio a vítimas de violência sexual, diz que a subnotificação é o maior entrave para o combate a esses crimes.

Ela complementa que um estudo americano já mapeou as principais razões que inibem as vítimas a denunciar, todas relacionadas com o machismo da sociedade, já que a grande maioria das vítimas é do genero feminino ...

Marina também reforça um ponto trazido pela pesquisa do IPEA: na maioria das vezes o agressor é alguém conhecido da vítima, especialmente no caso das menores de idade.

Considerando isso, os pesquisadores acreditam, inclusive, que a estimativa é conservadora, já que os casos ocorridos no seio familiar tendem a ficar ainda mais escondidos. Fonte: Agencia Brasil